Meio Ambiente

Márcio Gomes Soares, da Matemática, credita título de professor emérito ao ambiente que encontrou na UFMG

Márcio Soares (com o diploma), o diretor do Icex, Antonio Flávio de Carvalho, e o reitor Jaime Ramírez
Márcio Soares (com o diploma), o diretor do Icex, Antonio Flávio de Carvalho, e o reitor Jaime Ramírez Foto: Ferdinando Marcos / UFMG

Em cerimônia na noite desta sexta-feira, no Instituto de Ciências Exatas (Icex), o professor aposentado do Departamento de Matemática Márcio Gomes Soares foi homenageado com o título de Professor Emérito da UFMG.

Márcio Soares afirmou que sua trajetória de 41 anos de UFMG, a única ocupação profissional que teve na vida, foi “o melhor emprego possível”. “Não me tornei emérito unicamente por mérito próprio, mas também graças ao ambiente de trabalho, de constante inquietação intelectual. Isso é o que define uma boa universidade e foi o que me incentivou a fazer o melhor possível dentro das minhas capacidades”, disse.

Para ele, a distinção é especialmente importante porque o credencia a continuar contribuindo com a UFMG. “Na universidade, deparamos a cada dia com todo tipo de opinião: algumas estapafúrdias, outras visionárias. Sinto-me honrado em poder continuar dando minha opinião sobre o ensino da Matemática, que é a única coisa que sei fazer”, refletiu.

Márcio Gomes Soares: inquietação intelectual
Márcio Gomes Soares: inquietação intelectual Ferdinando Marcos / UFMG

Direto de Woodstock

O reitor Jaime Ramírez foi aluno de Márcio Soares na graduação. “Em 1983, conheci o Márcio, recém-chegado do seu doutorado em Liverpool, mas com a aparência de um hippie vindo de Woodstock. Foi marcante seu entusiasmo, talento, seriedade e, principalmente, o carinho com que tratava os alunos. Sua inspiração foi muito importante para que muitos de nós prosseguíssemos nos estudos e na carreira docente”, disse o reitor.

Para o diretor do Icex, Antônio Flávio de Carvalho Alcântara, o legado do novo emérito “tem sido responsável pela manutenção de um ambiente em que a troca de aprendizado contribui para que os jovens professores transformem o contexto acadêmico”.

O chefe do Departamento de Matemática, Bernardo Nunes Borges de Lima, disse ser difícil dimensionar a importância de Márcio Soares e sua contribuição para o ensino de Matemática no Brasil. “O título de emérito é para poucos”, pontuou.

“O excepcional trabalho desenvolvido por Márcio Soares foi fundamental para que a UFMG se transformasse em um dos melhores centros de matemática do Brasil”, afirmou César Camacho, pesquisador emérito e ex-diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

Camacho: trabalho fundamental
Camacho: trabalho fundamental Ferdinando Marcos / UFMG

Trajetória

Márcio Gomes Soares tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Teoria das Singularidades e Aspectos Geométricos de Folheações Holomorfas. É bacharel (1975) e mestre (1977) em Matemática pela UFMG e doutor pela University of Liverpool (1981).

Professor titular da UFMG desde 1991, presidiu a Sociedade Brasileira de Matemática de 1993 a 1997. É consultor ad-hoc do CNPq e da Capes. Nesta última, atuou como representante da área de Matemática/Probabilidade e Estatística (2005-2007), como membro do Conselho Técnico Científico (2005-2007) e como coordenador adjunto da área de Matemática/Probabilidade e Estatística (2007-2010).

No âmbito da Fapemig, foi membro da Câmara de Ciências Exatas e dos Materiais, nos anos de 2006 e 2007. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (Twas).

Márcio Gomes Soares também recebeu da Presidência da República os títulos de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico (2002) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2010). Em 2012, foi agraciado com a Medalha da Inconfidência pelo governo de Minas Gerais.