Saúde

Nupad acompanha 105 bebês triados para novas doenças identificadas pelo teste do pezinho em MG

Expansão do programa inclui a toxoplasmose congênita e enfermidades relacionadas a defeitos da beta-oxidação dos ácidos graxos (DOAG)

Técnico do Nupad trabalha no processamento de amostra para o teste do pezinho
Técnico do Nupad trabalha no processamento de amostra para o teste do pezinho: 74 mil recém-nascidos foram triados em Minas Gerais nos primeiros cinco meses de 2022Arquivo Faculdade de Medicina | UFMG

Desde janeiro de 2022, crianças nascidas em Minas Gerais que fizeram o teste do pezinho na rede pública estão sendo triadas para um grupo maior de doenças. A expansão do Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG) inclui a toxoplasmose congênita e outras cinco doenças relacionadas a defeitos da beta-oxidação dos ácidos graxos (DOAG). Até maio, a triagem inicial identificou 92 casos suspeitos de toxoplasmose congênita e 13 de DOAG.

Os dados preliminares são do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG. Cerca de 74 mil recém-nascidos foram triados no período. Os casos de toxoplasmose são provenientes de 78 municípios mineiros, enquanto os de DOAG foram de 12. A amostra ainda é pequena e, portanto, não permite inferir com segurança a prevalência real dessas doenças no estado.

A coordenadora acadêmica do Nupad, Ana Lúcia Starling, avalia que a execução está sendo feita de forma tranquila e bem aceita pelos envolvidos. “A rede de saúde do SUS nos municípios já está bem acostumada à coleta e ao fluxograma do PTN-MG, e a expansão foi bem aceita. Do ponto de vista da execução, coleta e envio, não mudou nada para os profissionais da atenção primária nem para os pacientes. As doenças são triadas pela mesma coleta de sangue do calcanhar do recém-nascido no papel filtro. Esse sangue, seco, é enviado ao Nupad”, explica.

O maior desafio é o acompanhamento clínico dos pacientes triados, que pode durar a vida toda. “Aumentamos muito o número de pacientes encaminhados ao serviço de referência, principalmente para toxoplasmose. Já sabíamos que a incidência é alta em determinadas regiões por causa do projeto piloto do Nupad com triagem pré-natal, feito até 2017. Isso impacta a rede desses serviços”, analisa Starling, que é professora aposentada da Faculdade de Medicina da UFMG.

Referência técnica
De 2013 a 2017, o Nupad foi o órgão de referência técnica no Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita de Minas Gerais, por meio de triagem pré-natal. Ao todo, 538.312 gestantes foram triadas. Desse universo, 214.126 foram identificadas com provável imunidade adquirida antes da gravidez (provocada por infecção prévia) e 1.926 gestantes com provável toxoplasmose aguda identificada durante a gestação.

Atualmente, todos os pacientes triados com toxoplasmose congênita ou algum dos DOAG são encaminhados para Belo Horizonte. “O grande desafio de um programa de triagem neonatal é o acompanhamento dos casos positivos. O PTN-MG não é limitado ao teste do pezinho. Após a confirmação diagnóstica, o paciente é tratado e monitorado ao longo do tempo, muitas vezes pela vida inteira”, pontua a professora Ana Starling.

O PTN-MG acompanha 7.100 pessoas para as 12 doenças que compõem o painel. Além das seis doenças que entraram no painel em 2022, o Nupad trabalha com hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

Leia mais sobre o assunto em matéria publicada no Portal da Faculdade de Medicina.

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina