Dois anos de Sars-CoV-2: pesquisadores da UFMG analisam impactos da crise sanitária
Pandemia desencadeou graves problemas, mas também mobilizou recursos que fizeram a ciência avançar
Há dois anos, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades sanitárias da China anunciaram a identificação de um novo tipo de coronavírus, causador de diversos casos de pneumonia na cidade de Wuhan. Desde então, o mundo vem sendo bombardeado com novas informações e impactos do vírus Sars-CoV-2.
A exemplo de outras instituições, a UFMG vem trabalhando intensamente para estudar o vírus e fornecer soluções plausíveis para combatê-lo. O professor Renan Pedra, coordenador do Laboratório de Biologia Integrativa do Instituto de Ciências Biológicas (LBI/ICB), explica que os laboratórios foram altamente impactados pelo coronavírus. Por motivos de segurança, muitas instalações acabam suspendendo suas atividades. Outras estruturas laboratoriais sofreram com a escassez de recursos, e muitas pesquisas precisaram reposicionar seus projetos para priorizar o enfrentamento à pandemia.
Por outro lado, crises dessa magnitude também são sinônimo de oportunidades, como ensina a máxima chinesa. De acordo com o virologista Flávio da Fonseca, do Departamento de Microbiologia da UFMG, em momentos como o da atual pandemia, a ciência evolui de maneira muito rápida, devido à elevada mobilização de recursos e pessoas que buscam uma solução.
A coordenadora do Comitê de Enfrentamento do Coronavírus da UFMG, Cristina Alvim, enfatiza que, apesar de o vírus ter aparecido de maneira abrupta, causando muito pânico, “é importante ressaltar o papel relevante da ciência, que produziu, em tempo recorde, uma vacina segura, efetiva, como tem sido amplamente demonstrado, que foi rapidamente distribuída no nosso país".
O vírus e seus parentes
"Embora apareçam regularmente como sinônimos, o Sars-CoV-2 é um nome técnico do vírus causador da doença covid-19. Coronavírus é o nome de uma grande família de vírus que inclui, entre outros, o próprio Sars-CoV-2", esclarece Renan Pedra.
Flávio da Fonseca acrescenta que o Sars-CoV-1 e o Mers-CoV, também da família do coronavírus, causam infecções respiratórias agudas graves, mas são patógenos de baixa eficácia de transmissão entre seres humanos. Com o Sars-CoV-2, a história foi diferente. "Ele teve um avanço evolutivo em relação aos anteriores, uma vez que conseguiu se adaptar rapidamente à população humana. Isso fez toda a diferença para que ele se tornasse um vírus pandêmico, e os outros dois, não", analisa Fonseca.
Na comunidade da UFMG, a pandemia trouxe grandes impactos, e um dos mais perceptíveis foi a adaptação do ensino para o modelo remoto, que intensificou o uso de tecnologias e o processo de inclusão digital. “Aprendemos a planejar um cenário de muita incerteza, com base na colaboração e no respeito aos nossos princípios e valores. A situação ainda é muito difícil, muito delicada, mas já aprendemos muito com o que vivenciamos e podemos dizer que estamos, sim, mais fortalecidos e podemos mirar um futuro próximo que vem cheio de esperança para nós", afirma Cristina Alvim.
Em entrevista ao Portal UFMG, Cristina Alvim afirma que, em vez de voltar à normalidade anterior à pandemia, a humanidade terá que aprender a conviver com o vírus.
Equipe: Amanda Gomes (produção), Marcelo Duarte (edição de imagens) e Ruleandson do Carmo (edição de conteúdo)