Pesquisa e Inovação

Vacina em estudo na UFMG pode proteger mulheres e bebês dos efeitos da cocaína na gravidez

Pesquisa em fase pré-clínica demonstrou aumento de 50% no ganho de peso em ratas grávidas e redução de 30% do número de abortos

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Uso de cocaína na gravidez tem repercussões ao longo da vida da criançacmbh.mg.gov.br / Foto: Mila Milovski

Em artigo publicado na Molecular Psychiatry, revista do grupo Nature, pesquisadores da UFMG demonstram que o uso de vacina anticocaína desenvolvida na Universidade pode proteger grávidas e seus bebês durante a gestação e a amamentação. Os experimentos em fase pré-clínica mostraram que o medicamento é eficaz para inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação, com produção de anticorpos do tipo IgG. 

O uso da cocaína na gravidez está associado a quadros graves, tanto na gestante quanto no feto, com repercussões ao longo da vida da criança. Alguns dos problemas para a mãe usuária de cocaína são pré-eclâmpsia grave, aborto espontâneo e parto prematuro com complicações. Os filhos podem ter baixo peso ao nascer, malformações e síndrome de abstinência no recém-nascido.

Quando a vacina foi injetada em ratas grávidas, os anticorpos gerados impediram ou reduziram a passagem de cocaína para o cérebro da mãe e para os fetos, pela placenta. Além disso, os pesquisadores identificaram que os anticorpos passam pelo leite, protegendo também os recém-nascidos.

O estudo é uma prova de conceito para a utilização da vacina anticocaína durante a gestação. “O uso de crack e cocaína na gravidez é problema de saúde pública, pois a droga afeta não só o feto, mas a mãe e a criança em médio e longo prazos. Por isso, essa solução pode beneficiar as novas gerações e oferecer, de forma inovadora, prevenção primária em saúde mental”, afirma o professor Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental (SAM) da Faculdade de Medicina da UFMG, um dos coordenadores da equipe. Segundo ele, os resultados “têm grande relevância científica, já que não existe nenhum tratamento aprovado por agências reguladoras mundiais para esse fim”.

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