Lazer e esporte

Conectando corpo, mente e meio ambiente, 'Domingo no campus' une gerações

Em sua 20ª edição, evento reuniu mais de 1 mil pessoas na Pampulha

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Roda de capoeira e educação antirracista movimentou grupos de jovens nas imediações da Escola de Belas ArtesFoto: Raphaella Dias | UFMG

As sonoridades do berimbau, do atabaque e do canto de matriz africana ecoavam já na entrada principal do campus Pampulha, na manhã deste domingo, dia 4, anunciando um percurso rico em experiências geradoras de “conexões” entre o corpo, o intelecto e o ambiente.

“A capoeira nos ensina que a razão e a emoção andam juntas: podemos desenvolver o intelecto e o corpo ao mesmo tempo”, discorreu a pesquisadora de cultura quilombola Aline Neves, durante a Roda de capoeira e educação antirracista, que integrou a programação da 20ª edição do Domingo no campus.

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Aline Neves: cultura agregadoraFoto: Matheus Espíndola | UFMG

Fundadora do Grupo de Trabalho Geografias em perspectivas negras, Aline informou que os quilombos, diferentemente do que se costuma pensar, não eram integrados exclusivamente por pessoas pretas. “Havia brancos e indígenas também. É uma cultura que mistura, agrega e é muito sábia. A despeito da legislação que coibia as rodas de capoeira, eles se encontravam e perpetuavam sua cultura”, disse.

O evento na UFMG foi alusivo ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho. Para a pró-reitora de Extensão, Cláudia Mayorga, essa agenda tem grande potencial de conectar várias questões, como o enfrentamento a incêndios, a luta antirracista, e a promoção da saúde. “Afasta-se, assim, o estereótipo segundo o qual o meio ambiente seria um conceito distante do nosso cotidiano. É papel da universidade unir as discussões sobre lazer, educação ambiental e conscientização para a vida”, argumentou.

No saguão da Reitoria, onde acompanhava a abertura da exposição Culturas de resistência – substratos transformadores, a reitora Sandra Goulart Almeida também estabeleceu uma conexão entre os vários eventos promovidos pela UFMG neste domingo. “É uma data muito especial, que antecede o Dia do Meio Ambiente. Começamos agora cedo, com o próprio Domingo no campus, com essa exposição muito bonita, que trata da luta dos povos originários e das culturas de resistência, e mais tarde haverá a abertura do seminário de reitores da AUGM sobre sociedade e Estado e o congresso de sustentabilidade”, enumerou a reitora. “Em comum, esses eventos, cada qual a seu modo, estimulam a reflexão sobre o meio ambiente e fortalecem a interação da universidade com a sociedade”, destacou.

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Manuela e Isabela, abraçadas com o pai, Márcio Drummond, e o estudante Lessandro, exibem seus desenhos produzidos na Oficina de AstronomiaFoto: Raphaella Dias | UFMG

Ninguém em Júpiter
Egresso do curso de Ciência da Computação, Márcio Drummond apresentava o campus às suas filhas gêmeas, Manuela e Isabela, de 9 anos. “Uma das coisas mais importantes que a Universidade pode fazer é se aproximar da comunidade. Este é um centro de excelência, que precisa ser exposto para todos. Isso faz as pessoas quererem conhecer e ingressar na UFMG”, disse.

As duas crianças participavam da Oficina de astronomia, sob a tutela do estudante de Física Lessandro Graziane. A ocasião, segundo Lessandro, era oportunidade para que elas conhecessem a Física de uma maneira fácil e divertida.

“Em Vênus faz mais calor porque lá tem muitos gases quentes”, informou Manuela, enquanto desenhava em uma folha os planetas do Sistema Solar. “Em Júpiter é mais frio, tenho certeza de que não tem ninguém morando lá”, completou a irmã, Isabela.

Túlio de Paula:
Túlio de Paula, da oficina de forró: 'invasão das crianças'Foto: Raphaella Dias | UFMG

Por sinal, a “invasão” do campus universitário pelos pequenos é, para o pós-doutorando Túlio de Paula, da Faculdade de Educação, a face mais especial do evento. Túlio é um dos organizadores da Oficina de forró Picaderró, que ocorre semanalmente na Praça de Serviços e também no campus Saúde, mas debutava no Domingo no campus

"A ideia é popularizar a dança, para todos que quiserem aprender. Orientamos as pessoas a dançar com o máximo de gente diferente, inclusive os desconhecidos. Estou adorando, especialmente, a ‘invasão’ das crianças e a sensação de que elas estão realmente à vontade”, completou.

Além do boneco Bob, paramentado com todos os itens e equipamentos de proteção dos brigadistas de incêndios florestais, as crianças também roubavam a cena na oficina que abordava o tema. 

A brigadista Maíz d’Assumpção e o boneco paramentado Bob
A brigadista Maíz d’Assumpção e o boneco Bob Foto: Raphaella Dias | UFMG

“Elas têm muita curiosidade em entender como funcionam as ferramentas. Então, a gente apresenta os equipamentos e faz uma pequena simulação de combate”, contou Maíz d’Assumpção, integrante da Brigada 1, que atua voluntariamente na Estação Ecológica. “O Bob é o nosso chamariz. As pessoas ficam curiosas porque ele, à primeira vista, parece uma pessoa de verdade”, acrescenta.

Evento multigeracional
Na Praça de Serviços, Armênio Manoel Moreira, de 86 anos, tomava banho de sol e relaxava ao som da música ambiente na companhia de sua nora Luciana Ribeiro, ex-funcionária da Fundep. “Estamos encantados com o movimento e a participação de pessoas de todos os tipos”, comentou Luciana.

A família Coelho veio completa para o evento, incluindo os cachorros Burpee e Skipping. “Até então, não tínhamos o hábito de frequentar o campus; muita gente nem sabe que é aberto. A abertura para a população cumpre a função de atender ao interesse da sociedade de uma maneira que vai além do ensino”, opinou Flávia.

Aspirantes a universitárias, as primas Aysha da Luz e Emanuelle Cristine prestigiaram o evento pela primeira vez. “Praticamente todos da nossa família foram alunos da UFMG, e eu pretendo também”, contou Aysha, a mais velha. “No ano que vem, pretendo entrar no Cefet”, disse Emanuelle, estudante do Equalizar, cursinho preparatório que funciona na Escola de Engenharia.

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Luciana e o sogro Armênio se disseram "encantados" com o eventoFoto: Raphaella Dias | UFMG
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As primas Aysha e Emanuelle pretendem, futuramente, ingressar na UFMG como estudantesFoto: Matheus Espíndola | UFMG

A TV UFMG também acompanhou a 20ª edição do evento. Assista ao vídeo:

20º edição do Domingo no Campus

Matheus Espíndola